domingo, 1 de maio de 2011

Mira "délibáb": João da Cunha Vargas y Jorge Luís Borges por Vítor Ramil

Arriba, imagen del CD "délibáb"




"Deixando o pago", poema de João da Cunha Vargas. Música, guitarra y voz de Vítor Ramil.


Deixando o Pago
(João da Cunha Vargas)


Alcei a perna no pingo
E saí sem rumo certo,
Olhei o pampa deserto
E o céu fincado no chão,
Troquei as rédeas de mão,
Mudei o pala de braço
E vi a lua no espaço
Clareando todo o rincão.

E a trotezito no mais,
Fui aumentando a distância
Deixando o rancho da infância
Coberto pela neblina;
Nunca pensei que minha sina
Fosse andar longe do pago
E trago na boca o amargo
Dum doce beijo de china.

Sempre gostei da morena,
É minha cor predileta,
Da carreira em cancha reta,
Dum truco numa carona,
Dum churrasco de mamona,
Na sombra do arvoredo,
Onde se oculta o segredo
Num teclado de cordeona.

Cruzo a última cancela
Do campo pro corredor
E sinto um perfume de flor,
Que brotou na primavera.
À noite, linda que era,
Banhada pelo luar,
Tive ganas de chorar
Ao ver o meu rancho tapera.

Como é linda a liberdade
Sobre o lombo do cavalo
E ouvir o canto do galo,
Anunciando a madrugada,
Dormir na beira da estrada
Num sono longo e sereno
E ver que o mundo é pequeno
E que a vida não vale nada.

O pingo tranqueava largo
Na direção de um bolicho,
Onde se ouvia o cochicho
De uma cordeona acordada;
Era linda a madrugada,
A estrela d'alva saía
No rastro das três marias,
Na volta grande da estrada.

Era um baile - um casamento
Quem sabe algum batizado,
Eu não era convidado,
Mas tava ali de cruzada,
Bolicho em beira de estrada
Sempre tem um índio vago,
Cachaça pra tomar um trago,
Carpeta pra uma carteada.

Falam muito no destino,
Até nem sei se acredito,
Eu fui criado solito,
Mas sempre bem prevenido,
índio do queixo torcido,
Que se amansou na experiência.
Eu vou voltar pra querência,
Lugar onde fui parido.




"Milonga de Manuel Flores", poema de Jorge Luis Borges.
Música y voz de Vítor Ramil.
Guitarra con el argentino Carlos Moscardini.


MILONGA DE MANUEL FLORES
poema: Jorge Luís Borges
música: Vitor Ramil


Manuel Flores va a morir.
Eso es moneda corriente;
morir es una costumbre
que sabe tener la gente.

Vendrán los cuatro balazos
y con los cuatro el olvido;
lo dijo el sabio Merlín:
morir es haber nacido.

Y sin embargo me duele
decirle adiós a la vida,
esa cosa tan de siempre,
tan dulce y tan conocida.

Miro en el alba mis manos,
miro en las manos las venas;
con extrañeza las miro
como si fueran ajenas.

¡Cuánta cosa en su camino
estos ojos habrán visto!
Quién sabe lo que verán
después que me juzgue cristo.

Manuel Flores va a morir.
Eso es moneda corriente;
Morir es una costumbre
que sabe tener la gente.

Para saber que és "délibab" y conocer más sobre este trabajo de Vítor Ramil conozca su site y lea el artículo "O délibáb do Vítor e o meu", de la periodista Gisele Teixeira.

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